Uma
gota do sorvete pinga no chão. Está derretendo, mas ela não parece se importar.
A mala, bem pequena tem o fecho quase estourado com as roupas colocadas às
pressas. Uma oportunidade é tudo o que ela tem. Se não for agora provavelmente
nunca mais terá tal coragem. O trem apita, seu telefone toca, ela olha
rapidamente para trás e entra.
Todos
os dias milhares de pessoas sentem, tocam, passam. Todos os dias pessoas que
não se conhecem se cruzam e evitam se olhar nos olhos para evitar conhecer,
evitar a partida que vem no final de cada começo.
Tem
os sonhadores, aqueles que procuram uma jornada com aventuras, destemidos e
intrigantes. Tem os que partem com a solidão, com a esperança de um novo
recomeço levando lembranças.
Há
encontros, desencontros, sorrisos, lágrimas. Na vida eu sou a estação, e mesmo
quando todos se vão, eu fico aqui à espera de qualquer passageiro. E é nesse
momento que me agarro as lembranças.
Uma
memória, uma mala perdida, um livro esquecido em um banco, um lenço caído no
chão ao acaso. E são essas coisas que me sustentam. Que mantém minhas vigas de
pé em meio a tanta solidão.
Mesmo
quando sinto as vigas cederem e rangerem ao menor vento pelo tempo que as
consumiu, as pequenas lembranças me forçam a continuar, a não fraquejar e
esperar por mais um sorriso, mais um abraço de encontro, de despedida, mais um sorvete que pinga no chão, mais um beijo não dado, mais uma
mala lotada de memórias que derramam e se dissolvem no chão. Sozinha.
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