Eu estava andando pela rua. Ou será que era andando pelos trilhos?
Pelos trilhos que seguem minha vida e se desfazem lá na frente pra me fazer bagunça. Eu estava andando. E esse andar é meu seguir, meu crescer, meu sonhar, bem de vagarinho. Quando pequena ainda brincando de bonecas mal saída das fraldas já escutava dos adultos 'Viu só, tá brincando de casinha. Já quer aprender a cozinhar', mas na verdade eu sequer pensava nisso, pensava em cozinhar minha comida de mentirinha pros meus amigos imaginários, criar novas histórias só minhas e só.
Aprender desde cedo à limpar chão, varrer casa, cozinhar, cuidar de boneca. Tudo de mentirinha. Tudo de verdade. Um grande preparo. Aos quinze, é claro já sonhava 'Quero casar'. Por que? Não sei, só queria. Mesmo vendo tantos falhos casamentos que me cercavam que se enroscavam no trilho da vida só pra se desfazer anos depois.
No primeiro namoro sério o sonho já se firmou 'é ele' eu pensava. Que tola! E estudar, e viajar, e sonhar e ser? Isso fica pra trás. O importante é casar. Mas não deu certo e não casei. Só depois fui ver. E estudar? Pode? Pode não, deve. Mas então por que casar é mais importante? Pra constituir família, ter um bom marido, uma boa casa, uma boa vida. E casar mais velha, depois dos estudos? Pode?
'Vai ficar pra titia!', mas não quero ficar pra titia. 'Então casa logo, estuda e casa, mas logo se não vai ficar beata'.
Não é que eu não queira casar, quero.
Desde pequena.
Mas não como o casamento da vizinha que apanha todo dia e tem medo de fazer alguma coisa, nem o casamento daquela amiga que se casou aos 16 anos e percebeu depois que queria estudar, ser médica e não limpar, lavar, cozinhar, apenas porque sabia que conseguiria. Nem sequer como aquela parente mais próxima minha que ficou casada por vinte anos e depois foi traída por um homem que não conhecia há vinte anos.
Não há como generalizar então não vou. Mas percebi que quando encontrar aquela, pessoa, isso aquela, aí sim. Então quando estava chegando na parte em que os trilhos se tornavam confusão eu percebi, não importa. Eu posso concertá-los. Viver todos os meus sonhos. Então foi o que fiz. Concertei os trilhos e anotei. Eu posso viver meus sonhos. 'Mas e casar?' perguntam com assombro. "Os sonhos! Eles primeiro" apontei para os trilhos, sorri e segui em frente.
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