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quarta-feira, 8 de março de 2017

Especial: Dia Internacional da Mulher


Dia 08 de Março é celebrado o dia da mulher.
O dia daquela que vai a luta todos os dias, para sorrir mesmo que não esteja feliz, para cuidar dos seus filhos sozinha porque aquele que foi denominado pai já está longe, daquela que luta para defender seus filhos, e que mesmo após uma jornada de trabalho cansativa chegar em casa e tem que chorar silenciosamente para que ninguém a ouça. O dia daquela que já viveu tanto e tem conhecimentos tão preciosos a ensinar e daquela que ainda vai aprender a viver nesse mundo no qual ainda temos que lutar para conseguir direitos mais igualitários, o dia daquela que apesar de tudo isso, ainda tem que sorrir.
Temos que lembrar que o dia da mulher não é apenas um dia em que ela deve ser colocada em um pedestal para no outro ser esquecida. O dia da mulher é representação de luta. Luta, sim. Desde quando ideia de criar o Dia da Mulher surgiu lá no final do Século XIX no início, nos Estados Unidos e na Europa, no contexto das lutas femininas por melhores condições de vida e trabalho, de direito de voto.
Mas foi em 8 de março de 1917, quando aproximadamente 90 mil operárias manifestaram-se contra o Czar Nicolau II, as más condições de trabalho, a fome e a participação russa na guerra, em um protesto conhecido como "Pão e Paz" que a data consagrou-se, embora tenha sido oficializada como Dia Internacional da Mulher, apenas em 1921.
Somente em 1945, a Organização das Nações Unidas assinou o primeiro acordo internacional que afirmava princípios de igualdade entre homens e mulheres. Nos anos 1960, o movimento feminista ganhou corpo.
Há quem diga “Direitos? Mas as mulheres já conquistaram tudo! O que mais elas querem?” ou ainda “É tudo exagero!” incluindo muitas mulheres que talvez por um pensamento tão arraigado não conseguem distinguir a desigualdade que ainda existe. Mais velada, sim, mas existente.
Como poderia então, nesse 08 de Março de 2017, eu aos 20 anos ficar sem falar ao menos um pouquinho desse dia? Da importância da mulher na sociedade ou ainda da falta da sua valorização? Logo eu, criada por uma mãe guerreira, a mesma que vai a luta todos os dias, porque aquele denominado pai já está longe, que defende suas filhas com unhas e dentes e que, pelo menos no começo chegava em casa após uma jornada de trabalho cansativa e juntava as forças para não desmoronar e sucumbir ao stress e dificuldades, tanto que perto dela ninguém nem nada poderia nos machucar?
E ainda há quem diga “É exagero!”. “É exagero” quando uma mulher recebe menos que um homem pela mesma função, ou “é exagero” quando uma mulher diz que foi abusada só porque ela estava em uma festa.
1975, foi designado pela ONU como o Ano Internacional da Mulher e em 1977, o Dia Internacional da Mulher foi adotado pelas Nações Unidas, para lembrar as conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres. Acho que não seria exagero dizer, então parabéns!

Parabéns a todas nós, guerreiras, sim porque tem que enfrentar as desigualdades todos os dias, na política, na vida profissional e até na vida amorosa, e ainda tem que sorrir. Parabéns aquela que ama, e ama tão profundamente que chega a doer. Meu sincero parabéns.  

terça-feira, 31 de maio de 2016

O QUE ME INSPIRA #2

Hoje tem a segunda postagem do quadro #OQUEMEINSPIRA onde falo um pouco a cada episódio de coisas que me inspiram. Seja pra escrever, pra assistir, pra sorrir. Então vamos lá :)





Certo dia estava voltando do trabalho e parei no ponto de ônibus. Mas dessa vez tinha uma coisa diferente naquele ponto esquecido no bar de esquina. Uma carroça estava parada na frente do bar enquanto seus donos -um homem e uma mulher- bebiam enquanto contavam piadas em uma mesa do bar. No bairro afastado da cidade, quase ninguém passava na rua.
Pigarreei e encostei na parede incomodada pela presença do cavalo. Incomodada pela falta de presença do cavalo. Ele estava ali e me encarava com olhos ão tristes e desesperados que me fez querer chorar. Olhei seu 'dono'. Ele tinha arrumado briga com o dono de um carro que passou na rua e sentiu que a carroça atrapalhava o tráfego. 
Depois da confusão o 'dono' se levantou. Ele pegou uma pá e começou a jogar um entulho que estava na frente do bar na traseira da carroça. Então, pensei, estava ali a trabalho. Para dar trabalho. A cada montanha de terra que era jogada na carroça as pernas do cavalo tremiam e ele, gritava em silêncio. 
Gritava olhando fundo em meus olhos. Ele sabia. Sabia tudo o que sofria há tanto tempo e queria ajuda. O que eu poderia fazer? lhe respondi em silêncio. 
Ele gritou por ajuda quando seu suposto dono voltou a tomar a cerveja esquentando no copo. 
Me desculpe, me desculpe, me desculpe.
Me vi correndo gritando com aquele homem bêbado e sua mulher por não enxergarem nada além de sua mísera existência, desacorrentando o cavalo de suas amarras e vendo-o livre finalmente. Pisquei os olhos. Nada fiz. O ônibus veio. Disse adeus e pedi desculpas ao cavalo que abaixou os olhos conformado. Esquecendo-se daquela palavra tão sonhada dita 'liberdade'.

O que acontece é: tudo o que digo pra vocês nessa série é real. Tento mostrar que, são as coisas mais simples da nossa vida que trazem a inspiração, ou a ilusão dela. Eu queria naquele momento, ter feito algo. Nada fiz. E ao reviver tudo em minha mente penso que isso me inspirou, mas não de uma forma boa. É isso que me dita, meu humor, minha dor, minhas experiências. O que me inspira. E você, o que te inspira?

sexta-feira, 27 de maio de 2016

PRESSA CERTO, MUITA PRESSA...

Olá pessoas! O post de hoje é um conto muito especial que escrevi pensando no quão interessante é essa pessoa chamada tempo! Espero que gostem :)




Certo dia estava andando na rua quando encontrei um amigo. Ele estava apressado, com o olhar cansado e pálido. Eu parei na sua frente e abanei as mãos gritando ‘OI, OI, HEY ESPERA  AÍ!’. Algum tempo depois ele me viu e mencionou seguir andando, mas depois de ver meu olhar que exalava fúria parou para me cumprimentar.
“Olá minha cara, já faz um longo..” - fez uma mesura. “Claro que faz” - retruquei com as mãos na cintura. “Mal lhe vejo passar, vive correndo pelos cantos parece até que foge de mim!” - ele hesitou por um instante.
“Ora, não me culpe… é o trabalho é só…” - ele falava olhando para os lados, estava com pressa. Sempre estava, seu trabalho era corrido,  muito corrido.
Mas dessa vez eu não iria lhe deixar escapar. Precisava falhar-lhe há muito tempo e ele veja só vivia fugindo. E não só de mim. Não pense, por um instante, que sou uma amiga chata que fica azucrinando o amigo é só que o assunto era realmente importante e quando você tem algo pra dizer a alguém e esse algo é muito importante e você não pode dizê-lo é o mesmo que ter um mosquito gigante zumbindo no seu ouvido, mas você nada pode fazer para espantá-lo.
Esse amigo, que jugo tão especial e conheço desde minha meninês não tem celular, ou telefone, ou qualquer coisa que seja tecnológica, gosta de fazer as coisas como sempre faz há vários anos. Só que seu trabalho é corrido, muito corrido.
Já fazia dois minutos que ele estava parado ali comigo e parecia que ia explodir, suas mãos suavam e ele estava com muita pressa para ir onde quer que fosse, o trabalho.
“Sei que está com pressa, sempre está. Mas preciso te perguntar uma coisa”.
Ele se abrandou, eu sempre precisava perguntar-lhe alguma coisa e nessa hora ele sempre diminuía o ritmo para me responder. Mesmo estando com pressa. Mesmo tendo um trabalho tão corrido. Me acalmei quando percebi que ele finalmente se acalmara.
“É o trabalho. Mas pode perguntar, desde que não demore muito, porque veja que se demoro muito o trabalho fica bagunçado e não posso deixar isso acontecer. Te contei como foi quando parei?” - balancei a cabeça com uma negativa. “Foi um horror!” - ele sussurrou. “Pergunte”.
Essa foi minha vez de ficar sem graça. Veja que já tinha a pergunta em mente, mas sei que seu trabalho é corrido e necessário.
“Por que…” - respirei fundo - “Por que faz, isso sabe? Não percebe que não era assim antes, quer dizer, você sabe o que eu digo, só te vejo correndo e não vejo nada porque vive correndo” - Ele franziu as sobrancelhas - “Minha pergunta é: por que tem passado tão de pressa ultimamente, sabe, mal o vejo passar?”  - Ele sorriu, se aproximou e me deu um forte abraço.
“Não sei como lhe responder, minha cara. É meu trabalho”.
Ele sorriu novamente e acenou para se despedir. Precisava ir. Precisava voltar a trabalhar. Saiu correndo. Eu não fiquei chateada, seu trabalho era corrido muito corrido. Quando ele virou a esquina com pressa, olhou para trás para um último aceno, eu sorri e sussurrei:
“Um dia nos vemos de novo. Até meu apressado amigo, tempo”.

sexta-feira, 29 de abril de 2016

AS MENTIRAS QUE NOS CONTAM



Quando pequena sempre que tinha uma dor inexplicável na batata da perna ou no braço antes de dormir minha mãe me dizia que era dor de crescimento. Eu não sabia o que era então acenava a cabeça e tomava  um remédio pra dor. Com o passar dos anos a dor deixou de existir, e minha mãe deixou de falar que eu tinha dor de crescimento.

Alguns anos depois essa dor voltou. No entanto agora eu entendo-a e agora quando sinto essa dor, agora minha mãe não diz que é dor de crescimento porque 'isso só criança tem quando está crescendo fisicamente'. Mas a dor não parou então o que aconteceu? Ela transformou-se e se moldou a mim. Hoje minha dor de crescimento é mais palpável do que nunca e mais inexplicável também.

Aos 17 anos no fim do ensino médio a dor começou. Primeiro ela era levinha um incômodo facilmente expulsável. "Trabalho, estudo, responsabilidade, vida", tudo um processo bastante natural, não acha? Crescer é natural. As temíveis fases da vida - infância, fase adulta...
"Trabalho, estudo, responsabilidade, vida"
'Agora você tem que crescer!' disse um monstro opressor dentro de mim. "Trabalho, responsabilidade, vida" COMO? Eu gritei em desespero. "Trabalho, responsabilidade, vida"
Você tem que casar se não vai ficar pra titia
Você tem que arrumar um emprego
Você tem que estudar pra ser alguém na vida
Você tem que ter mais responsabilidade, não é mais criança
Você tem que CRESCER!

Mas se é natural por que dói? Por que é tão difícil e é uma mentira deslavada quando dizem 'se tornar adulto é natural'. Se tornar adulto é natural?
Mas dói.
Dói saber que agora 80% do meu tempo é trabalho, estudo, responsabilidade. E os outros 20%? Os outros rasos por cento são os por certo de que preciso descansar, dormir as rasas horas por noite que restam.

'Quem não quer ser alguém na vida não cresce', mas de fato o que me incomoda não é ter que crescer. É ser obrigada a fazê-lo. Ser oprimida pela vida que diz com escárnio 'Anda, o tempo está passando ou você se torna adulta ou se torna adulta'.
'Mas os adultos são tão mal humorados e... e... eu queria viajar depois do ensino médio, conhecer novas culturas, novos lugares...'
'Então trabalhe pra ter o dinheiro' - rebateu a vida'.
Acreditei que ela estava correta, a solução mais lógica, eficaz  e fui.

Mas o problema é que não dá pra interromper o trabalho pra viajar, surgem contas e responsabilidades e... e... Resta viajar nas férias. É isso é a solução! Uma viajem rápida de uma semana correto? Assim não atrapalha o trabalho ou a rotina.

Me contaram que crescer era natural. Se é ou não ainda não sei. Mas sigo crescendo. Mesmo com essa dorzinha incomodando. Essa dorzinha que não vai embora e que ri e sussurra "Trabalho, responsabilidade, vida, agora você é adulta!".


terça-feira, 26 de abril de 2016

SÁBADO NO PARQUE

Hey pessoas andei meio sumida, mas semana passada foi uma loucura kkk
Vim falar um pouco pra vocês de um evento que participei no sábado e que achei sensacional!
Vem conhecer um pouco do Sábado no Parque e do projeto MUDA.

Foto: Dilan Furia 

Dia 23 de Abril aconteceu, no parque Areião em Goiânia mais uma edição do Sábado no Parque. O evento contou com  exposições artísticas, pocket shows, rodada de poesias, distribuição de Mudas nativas do Cerrado, e aquele velho e bom palco aberto para quem desejou se manifestar artisticamente.
O evento que já existe há vários anos como o Domingo no beco e integra uma série de atividades cujo objetivo é levar manifestações artísticas para os espaços públicos da cidade. 

Foto: Dilan Furia 

O evento tem dois grandes objetivos: 
1 Mostrar as pessoas que produzem em Goiânia 
2 Levar atenção para espaços da cidade que estão abandonados ou que estão subutilizados pra recuperar esse espaço pro convívio das pessoas.
A importância de um evento como esse é mudar uma espécie de cultura que a cidade tem que é que os espaços públicos servem apenas para transitar entre um espaço privado e outro. Assim ninguém repara no espaço público e ele é esquecido.

O Sábado no parque é um evento que integra as diversas atividades do MUDA
Movimento Urbanístico Diversidade e Arte.



O MUDA é um calendário de atividades socioculturais feitas pela sociedade para a sociedade. O MUDA propõe muito mais que apenas entretenimento 
nos seus eventos de rua. Propõe que as pessoas venham para a rua, conhecer, interagir, se integrar e modificar a cidade, de forma positiva. 
Que possam conhecer o que é produzido de poesia na cena local, com o Sarau Sábado no Parque; que conheçam as diversas manifestações de arte urbana,
com o Domingo no Beco; que desenhe e dance conosco no Repente Ilustrado; que conheça o que de melhor é feito musicalmente em Goiânia,
no OffSina - Mostra de Música; que discuta a cidade nos debates criados através do “”; que descubra mais sobre seu passado através das exposições
fotográficas do “Goiânia Antiga’’; que valorize as novas bandas autorais, no Palco Vacas Magras; Que se emocione com a dança, no Tempo para Dança; 
e que dance conosco no Grande Hotel Sound System. Por isso o MUDA é música, dança, ilustração, poesia, teatro, urbanismo, ocupações artísticas, fotografia e toda e qualquer manifestação artística. 
fonte: http://acieg.com.br/muda-cultivando-o-meio-ambiente-urbano-a-convivencia-e-a-expressao-cultural-goianiense/

Não foi a primeira vez que participei de um evento, mas devo dizer que o evento foi uma delicinha. Goiânia é uma cidade meio esquecida na parte artística porque a grande maioria das pessoas simplesmente não se importa com essa parte, mas projetos como o MUDA fazem toda a diferença nesse meio. Mostrar que a cidade tem manifestações artísticas, tem cultura e um pessoal muito bacana aqui. Em suma, foi um evento ótimo e é daqueles que dá pra ir a família toda, conhecer um pouco mais sobre as manifestações artísticas da cidade, se divertir e relaxar.

deixo então pra vocês um pedacinho de como foi...











terça-feira, 12 de abril de 2016

O QUE ME INSPIRA #1

Hey pessoal! Hoje resolvi fazer um texto extremamente curto do que farei uma série. Talvez sejam cinco posts, não sei ainda. Serão intercalados entre as outras postagens. Neles eu vou dizer: O que me inspira? 
"Que coisa tola Déborah!" 
Bom, sinto-me muito feliz em poder dizer o que me inspira para escrever, para sentir, para seguir. Afinal, o que te inspira?



Sentada atrás da escrivaninha no trabalho escrevo. E penso. O que me inspira? 
Dizem-me que fantasio de mais. Que sorrio de mais. Que sou 'boazinha' de mais. Que sou inspirada. 
Mas pensei cá com meus botões: O que de fato me inspira? O que me faz escrever e gostar dos meus textos, dos meus mundos? O que?
Uma das coisas, ah essa eu sei! Claro, não é uma ciência exata como uma forma de bolo, mas me inspira a... a... inspiração. 
Sentar-me seja na faculdade, em uma viagem a qualquer lugar ou em uma viagem em mim mesma: apenas sentir inspirar e expirar sentindo o leve sabor da vida. Não, isso não é uma coisa hippie, não não sou hippie. Mas apenas sentir-me, sentir que respiro. Isso é uma dádiva. E sim sorrio comigo mesma ao pensar nisso e sinto-me inspirada a escrever qualquer coisa. Poderia escrever qualquer coisa, qualquer mundo, qualquer aquilo ou isso porque sinto que respiro, sinto que inspiro, sinto que posso e assim vou.
Suspirando por uma alegria, uma vitória, uma tristeza, um amor que pode vir, um amor que já se foi. Suspirando eu escrevo. Certa vez olharam-me como louca quando disse: veja o quanto isso é precioso!
"Ah, que sem graça és!". "É apenas uma coisa a qual esquecemo-nos todos os dias, uma coisa tola. A vida. Como pode inspirar-se com isso? Amar isso?"
Eu sorri. Realmente é.

terça-feira, 22 de março de 2016

DESDE PEQUENA?



Eu estava andando pela rua. Ou será que era andando pelos trilhos? 

Pelos trilhos que seguem minha vida e se desfazem lá na frente pra me fazer bagunça. Eu estava andando. E esse andar é meu seguir, meu crescer, meu sonhar, bem de vagarinho. Quando pequena ainda brincando de bonecas mal saída das fraldas já escutava dos adultos 'Viu só, tá brincando de casinha. Já quer aprender a cozinhar', mas na verdade eu sequer pensava nisso, pensava em cozinhar minha comida de mentirinha pros meus amigos imaginários, criar novas histórias só minhas e só.

Aprender desde cedo à limpar chão, varrer casa, cozinhar, cuidar de boneca. Tudo de mentirinha. Tudo de verdade. Um grande preparo. Aos quinze, é claro já sonhava 'Quero casar'. Por que? Não sei, só queria. Mesmo vendo tantos falhos casamentos que me cercavam que se enroscavam no trilho da vida só pra se desfazer anos depois. 

No primeiro namoro sério o sonho já se firmou 'é ele' eu pensava. Que tola! E estudar, e viajar, e sonhar e ser? Isso fica pra trás. O importante é casar. Mas não deu certo e não casei. Só depois fui ver. E estudar? Pode? Pode não, deve. Mas então por que casar é mais importante? Pra constituir família, ter um bom marido, uma boa casa, uma boa vida. E casar mais velha, depois dos estudos? Pode?
'Vai ficar pra titia!', mas não quero ficar pra titia. 'Então casa logo, estuda e casa, mas logo se não vai ficar beata'. 

Não é que eu não queira casar, quero. 
Desde pequena. 

Mas não como o casamento da vizinha que apanha todo dia e tem medo de fazer alguma coisa, nem o casamento daquela amiga que se casou aos 16 anos e percebeu depois que queria estudar, ser médica e não limpar, lavar, cozinhar, apenas porque sabia que conseguiria. Nem sequer como aquela parente mais próxima minha que ficou casada por vinte anos e depois foi traída por um homem que não conhecia há vinte anos. 

Não há como generalizar então não vou. Mas percebi que quando encontrar aquela, pessoa, isso aquela, aí sim. Então quando estava chegando na parte em que os trilhos se tornavam confusão eu percebi, não importa. Eu posso concertá-los. Viver todos os meus sonhos. Então foi o que fiz. Concertei os trilhos e anotei. Eu posso viver meus sonhos. 'Mas e casar?' perguntam com assombro. "Os sonhos! Eles primeiro" apontei para os trilhos, sorri e segui em frente.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

GOTAS QUE GUARDAM CHUVA


O som da chuva é tão reconfortante. Me faz sentir bem, segura, em casa. Claro, também me faz me sentir mais sem você, mas isso realmente importa? É parece que sim. Visto um casaco enorme e abro a porta.
O corredor está vazio. Ninguém quer sair com essa chuva. Eu não me importo. Preciso de café e chocolate, a mercearia é na esquina. O guarda-chuva enorme me tampa de qualquer respingo. É uma pena, gosto de pegar chuva. Mas mesmo assim preciso dele. 
O guarda-chuva é seu, você também esqueceu ele, mas eu não me importo mais.
Quando abro a porta da mercearia à dona me olha desconfiada. Ninguém sairia com um temporal desses.
__Boa tarde. – Grito da porta e vou atrás do meu café e do chocolate.
Pago tudo a dona da mercearia, uma senhora de uns 70 e poucos anos com cara de poucos amigos. E um cabelo mal pintado e espetado.
O guarda-chuva está pingando, isso deve tê-la irritado.
Me viro para ir embora e congelo. É você. O que faz aqui? Seu rosto mostra tanto espanto quanto deve estar o meu. Por que você faz isso? Insiste em reaparecer como uma ferida que não cura?
Não, me desculpe. A culpa não é sua, eu sei. Saio do meu estado de estupor e dou um passo. Oras, pare de me olhar, não me tente. Sua barba cresceu de um jeito que sei que detesta. Sei o que meu olhar diz agora. Diz medo, dor, insegurança, de fato, mas também diz alegria de um tempo que se foi.
A dona da mercearia tosse com um ruido seco pra afirmar que quer que eu saia logo, deve estar furiosa porque depois terá que limpar a água que o guarda-chuva pingou. E que continua pingando mesmo que suavemente. O som das gotas é como o nosso tempo. Pingando, derretendo, se esvaindo.
__Oi. – Você dá um passo e me cumprimenta sorrindo.
Do mesmo jeito que fez quando chegou à minha casa naquela tarde tempestuosa e molhou todo o chão da minha sala com os pingos do seu guarda-chuva.

__Por que está brava? Eu limpo – disse com um sorriso de deboche.
__Molhou tudo, agora vai ser terrível pra secar e o chão vai ficar muito frio.
__Se você não andasse descalça no apartamento não teria esse problema. – Chegou perto e me deu um beijo molhado.
__Pendura o guarda-chuva no armário. E não, eu limpo, se você tentar ainda vai acabar piorando tudo. Faça um café pra gente que até ele ficar pronto eu termino de limpar essa bagunça. – Eu disse apontando pra minúscula cozinha.

Um trovão me trás de volta ao presente.
__Oi. O guarda-chuva é seu. – Estico a mão que segura o guarda-chuva e ela fica no ar, um divisor de águas. O som da chuva diminui.
Você pega o guarda-chuva. Seguro minha sacola e finalmente saio da mercearia. Para o desespero da dona eu fui, mas o guarda-chuva ficou. E os pingos também.


-Déborah Queiroz

Gordices Literárias

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

TEXTO INSPIRADO EM CARRIE BRADSHAW – UM PRÊMIO DIFERENTE



“No final, computadores quebram, pessoas morrem e relacionamentos terminam. O melhor que podemos fazer é respirar e começar de novo”.-Carrie Bradshaw


O que acontece em qualquer relacionamento são os começos e os meios. O começo sempre é o que nos revigora, nos segura e puxa pra cima. Quando você fica flutuando e imaginando tudo o que pode acontecer.

Todos os começos imagináveis e até os mais improváveis são aqueles que nos dão o empurrão que precisamos para sorrir cada vez que a outra pessoa diz ou faz algo estúpido. Claro, digo isso porque ninguém é perfeito por mais que tentemos fazer isso todos os dias aplicando mais uma camada de batom ou usando aquele salto estupidamente desconfortável que mesmo que esmague os nossos pés vale a pena porque ‘alonga as pernas’.

No fundo somos todos iguais. Pessoas buscando aceitação. Pelos amigos, pela família, pelo chefe, mas principalmente pelo amor... Parece que o amor é um troféu. Um Oscar!
Buscado, admirado, desejado. Mas ao mesmo tempo tão desafiador quanto uma liquidação na Tiffany’s. Bom, você deve estar pensando que estou louca porque cada dia há mais facilidades pra encontrarmos o amor e mais adeptos a essas facilidades. Se não queremos o amor por que há cada vez mais aplicativos que querem nos ajudar a encontrar o amor perfeito, o par ideal, à indicação ao Oscar?

“Nós queremos o amor, mas ao mesmo tempo não queremos. Por isso tantos aplicativos querida! Enquanto o amor não vem, você pode no mínimo conseguir uma distração com alguém que você ache agradável fisicamente. A questão desses aplicativos é: Ninguém realmente acha que vai encontrar o amor lá. E se encontrar é como ganhar na loteria.” Cris se diz um romântico incurável. Ele tem mais de cinco aplicativos de relacionamento no celular.

“É claro que as pessoas querem o amor. Por isso estão tão desesperadas que recorrem aos aplicativos. Eu te digo uma coisa, antes de Julie nascer eu tinha vários aplicativos de relacionamento, mas queria o romance, estava atrás do amor e era só por isso que eu tinha.” – Anne fala com vigor enquanto sua filha mais nova Julie de três anos chora como se não houvesse amanhã. Ela se considerava independente e abominava relacionamentos. Até engravidar do seu colega de trabalho Mark ao qual está casada há três anos.

Independente de amores passados, amores buscados e amores inexistente é um fato que as pessoas buscam algo. Mesmo que a fantasia revire seus estômagos. As pessoas querem os começos e os meios, só não querem o que vêm depois.

-Déborah Queiroz 


"Talvez o passado seja uma âncora que nos segura. Talvez você tenha que deixar para lá quem você era para se tornar quem você será". 
-Carrie Bradshaw

SEX AND THE CITY


terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Sorvetes que não derretem

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As situações pelas quais passamos na vida são como um sorvete que fica debaixo do sol quente em um dia de verão. No começo está com gelo, maciço e saboroso, mas aos poucos vai derretendo e se você não correr pra tomar logo ou colocar no freezer, ele vai derreter e você nem vai perceber.
Agora, você tem opções. Ver o sorvete derreter lentamente e sofrer enquanto ele se desfaz ou pegá-lo e se refrescar aliviando o tormento de estar em um dia terrivelmente quente ou ainda recoloca-lo no freezer pra ter o prazer de ter um sorvete pra tomar mais tarde. Não será a mesma coisa e você terá um sorvete re-resfriado o que na minha opinião não é tão bom quanto um sorvete cremoso em um dia quente, mas ainda sim é uma alternativa.
Quando estamos diante de uma situação conflitante o que fazer? Você poderia facilmente responder: raciocinar e ver qual caminho trará melhores conclusões. Mas mesmo que a conclusão a qual você quer chegar seja fácil, ainda vivemos diante da incerteza de possíveis futuros.
Por que? Eu poderia dizer a frase taxada “Seres humanos são complicados”, mas não vou fazer isso, ao contrário, vou tentar ver por que seres humanos as vezes complicam tanto tudo ao seu redor.
Afinal, não seria mais lógico apenas pegar o sorvete?
A questão é que a lógica nem sempre nos leva em direção a uma fabulosa decisão que nos agrada de imediato e então caímos na armadilha. Tentamos nos agradar com decisões imediatas mirabolantes que podem levar a um fim desastroso, ou a uma deliciosa e adicional cobertura de chocolate.
Seja de um amor, de uma dor, de um mundo esquecido ou um que existiu apenas em nossos mais longínquos devaneios. Ah, a dor de amor, o mais comum dos males humanos.
Terrível? Não sei dizer. Mas quanto maior a recompensa maior o risco. E o risco exige as decisões mais incrivelmente conflitantes e arriscadas, às vezes até terrivelmente maçantes como ficar na sala de espera do dentista.

O que quero dizer é somos criaturas peculiares que às vezes complicam as situações. Mas tomar decisões nem sempre são tão fáceis. Até porque até chegar ao sorvete há um caminho maçante e que fica terrivelmente quente sob um sol de verão. 
-Déborah Queiroz

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

ESPECIAL SEVERO SNAPE R.I.P ALAN RICKMAN

Alan Rickman foi um dos atores britânicos mais queridos para quem nasceu entre os anos 1990 e 2000. Um entre seus inúmeros papeis nas telinhas que se destacam é o de Severo Snape professor de Hogwarts que, apesar de 'perseguir' Harry por anos, revelou-se um dos seus maiores aliados.



Severo Snape (9 de janeiro de 1960 – 2 de maio de 1998) foi um bruxo mestiço, filho da bruxa Eileen Snape e do trouxa Tobias Snape. Durante sua vida, Severo Snape foi Mestre das Poções (19811996), professor de Defesa Contra as Artes das Trevas (1996-1997), e Diretor (1997-1998) da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Ele também foi Comensal da Morte e um membro da Ordem da Fênix. Agindo como agente tuplo ele teve um papel muito importante nas Guerras Bruxas contra Lord Voldemort (Tom Riddle)Mas ele não é conhecido apenas por isso. Sua enorme fama vem de seu incondicional amor por Lilian Evans (mãe de Harry Potter) a quem permaneceu fiel fazendo de tudo para protegê-la e a seu filho até depois de sua morte. 



É claro sua incrível fidelidade é conhecida e é o que nos faz suspirar cada vez que ouvimos a palavra 'Always'. Não vou tentar fazer uma biografia da vida de Severo, mas sim fazer um tributo à ele, mostrar porque ele Alan Rickan/Severo Snape é uma peça tão importante na vida de todos os Potterheads.

Me lembro de mim quando pequena, ainda sem ler os livros pensando que Snape era o traidor, o aliado de você-sabe-quem. A revelação de sua lealdade me chocou. E o que me surpreende no personagem é que ele me convenceu desde o princípio. J.K. criou Severo e Alan deu vida à ele.

É simplesmente impensável Severo Snape ser interpretado por alguém que não Alan Rickman. Ele teve a capacidade de nos passar a vida do personagem, seus mistérios, sua paixão por Hogwarts e seu amor transcendental por Lilian Potter mesmo após ele tê-la decepcionado e ela ter se casado com Potter seu 'inimigo'. E mesmo após sua morte seu amor não se apagou.



Seu ar de professor chato misturado aquele mistério que o pairava, sempre atrás de Potter nos dão aquele toque realístico que queremos. Aquele professor que mesmo sendo tão chato arranca risadas de nós e é o mais fascinante.



QUEM NÃO SE LEMBRA DESSE DIV BÁSICO?

Severo é um personagem que inspira milhões e nos ensina muito:



E é sempre nessa hora que eu fico assim




Aquele que pensamos ser incapaz de amar, apresentado desde sempre como um narigudo de cabelo oleoso, foi o que mais demonstrou sua lealdade coragem e confiança. Ele não é apenas um personagem assim como Alan não foi apenas um ator. Ele nos passa a importância de lutar pelo que você acredita  e de ter coragem mesmo quando o medo é forte e a situação difícil.




Em 2011, pouco depois de filmar as últimas cenas de Harry Potter e as Relíquias da Morte, Rickman escreveu uma mensagem para se despedir dos atores. Foi também seu adeus a Snape, o personagem que ele interpretou por mais de dez anos. O texto foi publicado, originalmente, na revista Empire:

“Acabo de voltar do estúdio, onde falei ao microfone como Severo Snape pela última vez. Numa tela, havia flashbacks com cenas de Daniel, Emma e Rupert de dez anos atrás. Eles tinham 12 anos. Eu também voltei recentemente de Nova York e, enquanto estava lá, vi Daniel cantando e dançando (brilhantemente) na Broadway. Uma vida inteira parece ter passado em minutos.
Dez anos se passaram desde que um telefonema de J.K Rowling, revelando uma pequena pista, me convenceu de que havia mais em Snape que o figurino imutável e de que, embora apenas três dos livros tivessem sido publicados àquela altura, ela tinha toda a imensa e delicada narrativa em suas mãos.
Ser contado em história é uma necessidade antiga. Mas a história precisa de um grande narrador. Obrigado por tudo, Jo. 
Alan Rickman”

E é por essas e tantas outras que Alan Rickman sempre foi e sempre será nosso eterno Snape, eu não senti que Snape morreu em As Relíquias da Morte, senti que morreu dia 14. A morte de Alan Rickman me impactou muito porque assim como com tantos outros Potterheads ele fez parte da minha infância e do meu crescimento. Foi como perder um velho amigo. Claro, não o conheçi pessoalmente, mas por tudo que sei a seu respeito Alan era uma pessoa extraordinária e amada por milhares de pessoas não só pelo seu trabalho, mas pelo que era como pessoa. Então deixo aqui meu tributo à Alan Rickman, que se foi, mas nos deixou Severo Snape como memória. 



Daniel Radclife:
"Alan Rickman é sem dúvida um dos grandes atores com quem terei trabalhado. Ele é também uma das pessoas mais leais e solidárias que conheci na indústria do cinema. Ele foi tão encorajador comigo, seja no set, seja nos meus anos pós-Potter. Tenho quase certeza que ele foi assistir tudo que fiz nos palcos de Londres e Nova York. Ele não tinha que fazer isso. Conheço outras pessoas que foram amigas dele por mais tempo que eu e todas dizem "se você ligar para o Alan, não importa onde ele está ou o quão ocupado está com seu trabalho, ele irá ligar de volta em um dia".

As pessoas criam percepções de atores baseadas em papéis que eles interpretaram, então pode surpreender alguns descobrir que ao contrário de alguns sérios (ou simplesmente assustadores) personagens, Alan era extremamente gentil, generoso, auto-depreciativo e engraçado. E algumas coisas, obviamente, ficavam muito engraçadas quando ditas por seu tom característico.

Ele foi um dos primeiros adultos em Harry Potter a me tratar não apenas como criança, mas como um par. Trabalhar com ele em uma idade de formação foi incrivelmente importante e vou carregar lições que me ensinou para o resto de minha vida e carreira. Sets de filmes e palcos teatrais estão todos pobres com a perda deste grande ator e homem."

J.K. Rowling também comentou a perda de Rickman no Twitter:

"Não há palavras para expressar o quão chocada e devastada eu estou em saber da morte de Alan Rickman. Ele era um ator magnífico e um homem maravilhoso."

Emma Watson, a Hermione Granger:
“Estou muito triste por saber da morte de Alan, hoje. Eu me sinto muito sortuda por ter trabalhado com ele e por ter passado tanto tempo com um homem e um ator tão especial. Eu vou realmente sentir falta de nossas conversas. Descanse em paz, Alan. Nós amamos você”.

Jason Isaacs, o Lucio Malfoy:
“Notícias desoladoras sobre o amável Alan. Ninguém poderia ser tão hilário, trágico, apavorante e verdadeiro ao mesmo tempo”.

James Phelps, o Fred Weasley:
“Chocado e triste por saber da morte de Alan Rickman. Um dos atores mais gentis que já conheci. Meus sentimentos e orações estão com sua família, agora”.

Oliver Phelps, o Jorge Weasley:
“Notícias terrivelmente tristes sobre a morte de Alan Rickman. Uma pessoa divertida e cativante que colocou um jovem ator tímido à vontade quando eu estava fazendo Harry Potter”.

Matthew Lewis, o Neville Longbottom:
“Estava no Leavesden Studios hoje quando ouvi a notícia. Enquanto caminhava pela cantina, eu pensava em Alan na fila para o almoço ao nosso lado, meros mortais. Eu lembrei do trailer em que ele me ofereceu alguns dos grandes conselhos que eu já recebi sobre essa profissão louca que compartilhávamos. Estar de volta nos corredores me fizeram lembrar diversas coisas e vou levar essas memórias para toda minha vida. Ele inspirou minha carreira mais do que ele jamais saberá e sentirei sua falta”.

Bonnie Wright, a Gina Weasley:
“Alan. A energia mudava sempre que você entrava em cena. Você era uma inspiração para todos nós. Descanse em paz”.

Rupert Grint, o Rony, enviou um comunicado à imprensa:
"Estou devastado ao ouvir sobre a morte de Alan Rickman. Me sinto muito privilegiado de ter tido a oportunidade de trabalhar com ele em várias ocasiões. Mesmo que ele tenha ido, eu sempre vou ouvir sua voz. Meus pensamentos estão com seus amigos e sua família neste momento", escreveu.


quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Memórias que se dissolvem no chão




Uma gota do sorvete pinga no chão. Está derretendo, mas ela não parece se importar. A mala, bem pequena tem o fecho quase estourado com as roupas colocadas às pressas. Uma oportunidade é tudo o que ela tem. Se não for agora provavelmente nunca mais terá tal coragem. O trem apita, seu telefone toca, ela olha rapidamente para trás e entra.

Todos os dias milhares de pessoas sentem, tocam, passam. Todos os dias pessoas que não se conhecem se cruzam e evitam se olhar nos olhos para evitar conhecer, evitar a partida que vem no final de cada começo.

Tem os sonhadores, aqueles que procuram uma jornada com aventuras, destemidos e intrigantes. Tem os que partem com a solidão, com a esperança de um novo recomeço levando lembranças.

Há encontros, desencontros, sorrisos, lágrimas. Na vida eu sou a estação, e mesmo quando todos se vão, eu fico aqui à espera de qualquer passageiro. E é nesse momento que me agarro as lembranças.

Uma memória, uma mala perdida, um livro esquecido em um banco, um lenço caído no chão ao acaso. E são essas coisas que me sustentam. Que mantém minhas vigas de pé em meio a tanta solidão.

Mesmo quando sinto as vigas cederem e rangerem ao menor vento pelo tempo que as consumiu, as pequenas lembranças me forçam a continuar, a não fraquejar e esperar por mais um sorriso, mais um abraço de encontro, de despedida, mais um sorvete que pinga no chão, mais um beijo não dado, mais uma mala lotada de memórias que derramam e se dissolvem no chão. Sozinha.